segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Meditação - segunda parte

Benefícios
A meditação proporciona ao corpo um repouso profundo, enquanto a mente se mantém alerta. Isto faz baixar a pressão sanguínea e diminuir o ritmo do coração, ajudando o corpo a se recuperar das tensões do dia-a-dia. Muitos médicos usam a meditação como parte do tratamento de distúrbios como a hipertensão, dores de cabeça, dores nas costas, problemas de ansiedade, e para controlar ou diminuir dores crônicas.
O repouso profundo propiciado pela meditação traz outro benefício: ele reforça o sistema imunológico que é a defesa do organismo contra bactérias, vírus e câncer.
Mas o efeito mais importante da meditação é a paz interior, um refúgio onde qualquer pessoa pode escapar da turbulência diária tendo calma e energia para enfrentar melhor os desafios que vêm pela frente.
Alguns minutos de meditação acalmam os nervos antes de um acontecimento tenso, como falar em público, e depois de uma reunião cansativa ou de um dia puxado de trabalho. Todas as grandes tradições espirituais dão muita ênfase à meditação como um caminho para o crescimento pessoal.

Distrações
Inúmeras pessoas cometem um grande erro em acreditar que a meditação deve necessariamente ser um estado desprovido de todos os pensamentos. A atitude certa é estar consciente da produção dos pensamentos, mas sem segui-los nem procurar pará-los, mas simplesmente não ocupar-se deles. Se as pessoas não se ocuparem dos pensamentos, os pensamentos não tem força. Enquanto não se conhecer a natureza da mente, esta produz pensamentos, que tanto podem ser positivos como negativos, dotados de uma grande força sobre todos, pois eles são apreendidos como reais. Sem esta apreensão, os pensamentos não tem nenhuma força. Quando deixa-se a mente relaxada, vem de inicio um momento em que ela permanece sem pensamentos. Nessa estabilidade, surge em seguida um pensamento. Na medida em que as pessoas o deixam, sem qualquer preocupação por ele, sem o deter, ele se esvaece por si mesmo na mente de onde emanou.
Aquele que esperasse estabelecer uma mente desprovida de pensamentos estará constantemente decepcionado. É apenas através da meditação que se pode empreender a jornada para descobrir a verdadeira natureza e assim encontrar a estabilidade e a confiança de que necessita para viver e morrer bem.

Treinar a mente
Treinar a mente é, antes de tudo, ver de maneira direta e concreta como ela funciona.
Sogyal Rinpoche ((1950 - ) Lama budista tibetano da escola Nyingma) diz que “toda prática da meditação pode ser resumida em três pontos cruciais: trazer sua mente para casa, soltar e relaxar. Cada fase contém significados que ressoam em muitos níveis”.
Trazer a mente para casa quer dizer conduzir a mente pela prática da presença mental até o estado de Permanência Serena. Em um sentido mais profundo é voltá-la para si mesma, e repousar na sua própria natureza.
Soltar significa libertar a mente da prisão da atitude de agarrar, já que você reconhece que toda dor, medo e aflição resultam da ânsia da mente que quer agarrar. Num nível mais profundo, a realização e a confiança que surgem da sua crescente compreensão da natureza da mente inspiram uma generosidade profunda e natural, que fazem com que você se torne capaz de liberar do seu coração toda vontade de agarrar, deixando-o livre para mergulhar na inspiração do meditar.
Por último, relaxar significa ter espaço e descontrair as tensões da mente. Num sentido mais profundo, você relaxa na verdadeira natureza da mente, o estado de Rigpa, isto é, como derramar um punhado de areia numa superfície plana onde cada grão cai onde bem entende, obedecendo às forças naturais. É assim que se deve relaxar, na sua verdadeira natureza, deixando que todos os pensamentos e emoções se aquietem e se dissolvam no estado da natureza da mente.

Tempo da meditação
É bom meditar durante vinte minutos, mas isso não significa que vinte minutos é o limite. A questão não é por quanto tempo você vai meditar, a questão é saber se a meditação de fato lhe traz certo estado de presença mental em que você está um pouco aberto e pode entrar em contato com a essência do seu coração.
Dudjom Rinpoche ((1904 – 1987) Lama budista tibetano da escola Nyingma) dizia que um iniciante devia praticar em sessões curtas. Praticar por quatro ou cinco minutos e então fazer uma pequena pausa de apenas um minuto. Durante a pausa deixar o método de lado, mas não abandonar o estado desperto de sua consciência. É curioso que às vezes, quando você está lutando para praticar corretamente, no exato momento em que descansa o método, se ainda está alerta e no presente, é que a meditação de fato acontece. Por isso a interrupção é parte tão importante da meditação quanto o sentar-se em si.
A meditação não é uma questão de duração, mas de qualidade.