segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Postura - segunda parte

Postura Correta
Uma boa postura é um ponto comum nas artes marciais e em quase qualquer atividade física ou esportiva que se mencione. A postura correta está ligada ao bom equilíbrio resultante de uma posição sobre os pés bem firmados e à habilidade de relaxar. Os movimentos livres e fluidos começam com uma postura ereta onde não há qualquer sinal de rigidez, estando livre para se mover em qualquer direção como, avançar e girar durante a execução das técnicas. Desta forma deixa-se o corpo com certo grau de tensão muscular que será favorável a reações rápidas e com grande coordenação garantindo ao corpo e aos membros uma posição mecanicamente favorável ao próximo movimento.
“Sua postura deve ser ereta, mas solta, capaz de enfrentar um ataque de qualquer uma das oito direções. Sempre que uma parte se move, todas as partes se movem; sempre que uma parte fica imóvel, todas as partes ficam imóveis” (Clássicos do Tai Chi). E continuando “O menor movimento da mão é, de fato, um movimento da cintura; quando se movem os pés, a energia espiritual dos olhos (olhar) move-se ao mesmo tempo e os segue; nesse caso, pode-se dizer que o alto e o baixo estão ligados; mas quando uma única parte do corpo não se move com o resto, há desordem e deslocamento“.
Para se obter esta postura pode-se seguir os itens abaixo:

1. Pés e Pernas
Os pés sustentam todo o peso do corpo e ao mesmo tempo ligam-se a terra. A distribuição uniforme do peso do corpo através dos nove pontos do pé proporciona uma base estável para todo o corpo. Deve-se tomar cuidado para que estes pontos fiquem uniformemente em contato com o chão sempre que efetuarmos um passo. Desta forma o peso é depositado sobre o centro do pé, um ponto conhecido como R1 (Meridiano do Rim).
É fundamental que os dedos dos pés estejam relaxados e não contraídos como se agarrassem o chão.
Os joelhos ficam levemente flexionados distribuindo uniformemente o peso do corpo para os pés.


2. Quadril
O quadril deve estar encaixado. Para isso deve-se endireitar o cóccix, rotacionando levemente a pelve para frente para suavizar as regiões pélvica e lombar das costas. Pode-se também obter esse efeito através da contração sutil do ânus.
Deixar a musculatura do abdômen se distender de maneira agradável. Um erro comum está em não deixar o abdômen dilatar-se relaxadamente por empurrar a barriga para fora. Isto faz com que a região estomacal fique tensa em vez de ficar a vontade. Os músculos do baixo abdômen devem estar relaxados, expandindo-se a cada inspiração e contraindo-se a cada expiração, de modo natural e fácil.
Executar a respiração abdominal e manter uma leve pressão no Tanden.

3. Ombros e Coluna
Os ombros devem estar nivelados, relaxados, suspensos pelo músculo Grande Dorsal (Latíssimo do Dorso) e não pelo músculo Trapézio que deverá estar descontraído.
O peito deve estar ligeiramente encolhido e curvam-se levemente as escápulas das costas.
Para o alinhamento da coluna deve-se esvaziar a parte superior do abdômen, do externo ao umbigo. Para isso pode-se colocar o polegar na ponta inferior do esterno e o dedo mínimo no umbigo, tentando diminuir a distância entre eles. Isto faz com que o peito fique ligeiramente encolhido suavizando a região lombar das costas.
Os cotovelos devem apontar para trás quando as mãos estiverem ao longo do corpo.
São erros comuns:
Não descontrair os ombros, mas deixar que eles caiam;
Não soltar, mas pressionar os ombros para baixo;
Descontrair os ombros, mas não se concentrar no quadril.
O exercício que segue ajuda a corrigir a posição dos ombros:
1. Ficar em pé com as costas retas;
2. Estender os braços lateral e horizontalmente, apontando para longe, em ambos os sentidos;
3. Olhar para frente e deixar cair os braços para os lados, sem alterar a posição dos ombros;
4. Permanecer nesta posição por certo momento;
5. Repetir uma ou duas vezes.
O tórax é onde reside o coração que é o centro da emoção. Considerado com o centro do Eu.
Segundo Pierre Weil ((1924 – 2008) educador e psicólogo francês residente no Brasil) quando há uma postura com predomínio do tórax, estamos em presença de uma superioridade do Eu. São pessoas vaidosas, egocêntricas e extremamente narcisistas, ou que naquele momento querem se impor.
Ao contrário, quando o tórax está encolhido, estamos em presença de uma pessoa cujo Eu está diminuído; são pessoas tímidas, submissas, retraídas ou que naquele momento se sentem dominada pela situação.
Um tórax em postura normal significa um Eu equilibrado.

4. Cabeça
Sucção sutil no alto da cabeça, como se ela estivesse suspensa por um fio ou sendo puxada para cima a partir do alto da cabeça, a fim de mantê-la bem ereta, mas sem enrijecê-la por esforço. Essa posição evita o arqueamento das costas liberando a caixa torácica e melhorando a respiração do praticante.
O pescoço é anormalmente curvado e projetado para frente e a cabeça inclinada para trás. Para deixar o pescoço nivelado com a coluna (suavizar a curvatura da região cervical) deve-se mover o queixo ligeiramente para dentro (abaixado) erguendo os olhos para olhar à frente. Alguns mestres ensinam que se deve puxar o queixo de tal forma que e sinta dor atrás das orelhas.
Deve-se dirigir o olhar para frente sem fitar o adversário ou qualquer outro elemento. Transpassando-o, o olhar vai além do corpo e de todo objeto que aparece no campo de visão, pois se o olhar pousar num ponto revelará as nossas intenções. Em resumo, o campo de visão será o mais amplo possível e o olhar não se fixará numa coisa precisa, pois essa coisa absorveria a atenção e atrapalharia a disponibilidade do indivíduo para uma eventual mudança de situação. Pode-se, nesse sentido, recordar a máxima do Tao Te Ching (o livro do caminho e da virtude escrito por Lao Tzi em cerca de 600 a.c.) "o sábio vê mas não vê, ouve mas não ouve".
Alinhar os dentes e os maxilares e tocar o palato com a língua.
A cabeça indica o estado de controle do corpo pela mente: erguida significa desenvolvimento excessivo do controle mental, abaixada significa que o indivíduo é controlado por estímulos externos e em posição normal indica um controle equilibrado da mente.