segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Como cultivar o Ki - segunda parte


Relaxamento e Pensamento

Sempre que, por qualquer motivo, a vida pára, chega-se a um endurecimento, e quando essa rigidez atinge a pessoa, cria-se um bloqueio no caminho interior.
Existem inúmeras tensões de resistências que surgem por toda parte, onde quer que o homem se apegue a algo. Assim ele se contrai para manter determinada posição, para conseguir realizar um determinado desejo, por medo, para dominar determinada agressão, devido aos seus ressentimentos, convenções ou necessidades impulsivas, etc.Somente quando o homem aprende a se estabelecer no seu centro com um gesto de confiança ininterrupto e consciente e entregar-se com fé, é que ele se sentirá relaxado, isto é, perderá o medo.
O completo relaxamento significa o mesmo que abandonar a preocupação pessoal e deixar-se acolher pela essência. Quem consegue fazer esse gesto confiante de descontração sentirá de uma só vez que o medo desaparece.
Segundo o Tratado do Mestre Wu Yu-Hsiang: A mente deve estar centrada com um gato sossegado, está tranqüilo, mas é capaz de reagir instantaneamente à visão de um rato que corre.
Para relaxar deve-se soltar completamente, tanto mental quanto fisicamente. Deve-se entregar totalmente ao universo inteiro, entregar-se ao infinito.
Outro exemplo é descrito por Waysun Liao: Quando uma garrafa de água, tampada, é jogada num lago, a água da garrafa não muda. Mas, quando a água da garrafa é jogada diretamente no lago, ela deixa de ser a água da garrafa e se torna a água do lago. Por isso, usando a imaginação, deve-se sentir moldável como a água, totalmente flexível, passiva em relação à forma do seu recipiente. Quando a água que é você for derramada no lago, você será o lago.
Está dito no Tratado sobre Taiji Quan e que pode ser empregado em qualquer arte marcial interna: Tudo reside no emprego do pensamento em lugar da força. Durante a prática, todo o corpo está distendido, de sorte que não subsiste a mínima energia grosseira, estagnada entre os ossos, os músculos ou as veias, amarrando-nos a nós mesmos. Somente desta forma se pode efetuar a passagem de um movimento para outro com rapidez e facilidade, e executar os movimentos giratórios com naturalidade. O corpo humano possui canais de circulação do Ki. Quando uma energia dura enche os canais, o sangue e o Ki se vêem tolhidos, os movimentos giratórios carecem de agilidade e basta puxar um fio de cabelo para que todo o corpo o siga. Se em lugar da força muscular se empregar o pensamento criador, aonde quer que chegue o pensamento chegará o Ki. Desse modo, o sangue e o Ki circulam continuamente no corpo, sem parar um só instante. Graças a um longo treinamento, adquire-se a verdadeira energia interior e a agilidade e a flexibilidade extremas produzem a resistência e a rigidez extremas. Aqueles que estão familiarizados com a essa técnica e a dominam têm os braços semelhantes ao ferro envolto em algodão – a força aí penetrou profundamente.